Sim, ainda espero. Aguardo alguém que me queira bem, alguém com quem o tempo passe a voar cada vez que estamos juntos, alguém com quem o tema de conversa não se esgote e, simultaneamente, com quem possa estar calada sempre que me apetecer. Alguém que respeite todos os momentos em que necessito de estar sozinha, mesmo que a ouvir música, na internet, a trabalhar, a caminhar... Sim, gostava que aparecesse esse ser humano que acrescentaria mais brilho à minha vida e me fizesse sentir amada, desejada, alguém que me fizesse deixar de ter medo de ser eu, alguém que me pudesse libertar de todas as correntes que me prendem a mim própria e me soltasse deste vaivém de certo/errado, devia/não devia, de se's e de todos os outros pensamentos que me enclausuram e não me deixam viver em pleno. Provavelmente não aparecerá esse alguém enquanto eu não conseguir fazer os lutos que tenho dentro de mim e partir para um novo patamar de auto-conhecimento e amor-próprio, onde não terei que pedir desculpa por ser assim ou assado, por ter uma opinião x ou y ou por poder dizer que não, sem ter de apresentar um motivo válido para isso. No fundo, a vida é um pouco um palco, onde todos somos um pouco actores e desempenhamos o papel que esperam que tenhamos. Mesmo que não queiramos, a sociedade condiciona-nos a fazer o que esperam de nós e não aquilo que realmente queremos ser/fazer. E isso limita-nos, faz-nos sofrer e guardar para nós o que gostariamos de dizer. Até que nos revoltamos e tentamos inverter essa situação, mas já estão tão enraízados esses padrões de resposta que acabamos por repeti-los, mantendo assim o sofrimento e cometendo os mesmos erros que originam os mesmos problemas e faltas ou carências. Espero alguém que me faça abrir os olhos e lutar por mim mesma, sim, pela minha saúde e felicidade, mas, ao mesmo tempo, espero por mim, espero um dia ganhar força suficiente para romper com o socialmente estabelecido e poder, finalmente, ser eu.