Nunca vos aconteceu terem a sensação que o mundo (tal como o conhecemos) anda todo de pernas para o ar e ninguém se parece incomodar com isso além de nós? Acho que cada vez mais se entra num jogo de competição e sede de poder ser "alguma coisa" a qualquer custo, que muitas vezes deixamos de ser quem somos, para sermos "alguém-que-quer-ser-melhor-do-que-os-outros". Nesta sociedade em que todos (quase todos, vá...), se preocupam com as aparências, com ter um carro bom, um emprego onde se ganhe muito dinheiro, um/a homem/mulher que a/o satisfaça (sexualmente falando e às vezes só para mostrar ao amigo...) e/ou ter um corpo perfeito, os valores como genuinidade, verdade, espontaneidade, amizade, prazer pelo que se faz, amor por si próprio, respeito pelos outros e pela beleza da vida, em geral, por onde andam? Estão esquecidos, adormecidos ou guardados bem dentro do armário, porque se saem cá para fora (do armário ou de nós mesmos?!) podemos passar por "fracos", "chorões", "sensíveis", "emotivos", "corações de manteiga (ou cheios de açúcar, porque não?)" aos olhos dos outros e até de nós próprios... Por isso, 'bora ser quem não somos para sermos melhor que os outros, seja em que "campo" for: profissional, amoroso, financeiro, físico... Será que é o que TEMOS que nos traz felicidade? O número de amigos no Facebook, o número de "gajas" que comemos, o número de calças que usamos... Ou será que SERmos realmente nós mesmos é tão doloroso que temos de nos "mascarar" para que possamos sobreviver neste mundo ingrato do "salve-se quem puder"? Muitas vezes, há pessoas que chegam a um ponto em que não sabem quem são... Sabem quem eram, em tempos. Mas a vida ensinou-lhes que "não se pode...", "não se deve..." ou então "ai é? fizeste-me isto? vais ver que para a próxima quem te faz isso sou eu! quem ri por último, ri melhor...". Nesta competição sem fim, sem objectivos para o bem do próprio que não seja mostrar que se é "O" melhor, mesmo que se "ganhe", é apenas temporariamente. "Ganha-se" (será?) uma batalha "contra os outros", mas não a guerra final "connosco próprios". Temos de ser quem somos, com virtudes e defeitos. Entregarmo-nos. Darmo-nos a conhecer ao mundo, tal como somos. Sem pudor, sem reservas, sem vergonhas, sem angústias. Darmo-nos simplesmente. E começar por nós próprios, por escavar bem fundo e perceber de onde vem esse "vazio" que sentimos... percebermos que o "faz-de-conta" em que vivemos, pode e deve ser combatido, ser contornado. TODOS podemos SER pessoas melhores. TODOS! E sim, custa, dói. É mau ser rejeitado, é... é mau sentirmo-nos desinteressantes, incultos, pouco inteligentes, feios... Mas cada uma destas características só ganha visibilidade se as cultivarmos e têm o peso que nós lhes escolhermos dar. E se achamos que não SOMOS suficiente, então sim, mudamos. Mas não para agradar aos outros. Para nos agradarmos a nós. Para quando olharmos ao espelho podermos dizer mais do que "estás gira, hoje!". Podermos olhar, bem fundo, bem dentro, sentir orgulho no que somos e poder dizer a nós próprios e gritar bem alto ao mundo "SOU BOA PESSOA!! Sou assim. Podia ser de mil e uma formas, podia... Mas não seria EU!".
Quando pararmos de olhar para fora e de tentar agradar aos outros e passarmos a gostar mais do que vemos em nós (VER=DENTRO E FORA), quem sabe não nos apercebemos que SOMOS mais e melhores do que pensávamos. E se nós gostarmos de ser assim, porque é que os outros não hão-de gostar? Certamente, haverá quem goste. E quem preferir um "ser-humano-de-fachada" em vez de um "ser-humano-de-verdade", julgo eu que não valerá a pena. ;)
E, como dizem na RFM, "e... já agora, pense nisto!"
A tristeza pega-se
Há 4 dias